3 de março de 2010

ANDRÉ, o caxineiro: um ano "mais novo" do que o "seu" Varzim

Houve um tempo em que um certo André mandava, e com senhoria, no meio-campo do Varzim. Não muito alto - cento e setenta e um centímetros exactos -, mas entroncado, peitudo, corria o campo todo e dava-se por inteiro à refrega, com raça inexcedível, roubando bolas, fazendo passes, desdobrando-se em acções defensivas e ofensivas. Era um protagonista, dava nas vistas - e tanto, tão repetidamente, que suscitaria cobiças e levantaria para mais altos voos. No fim da temporada de 1983/84, depois de ter contribuído para uma boa classificação (oitavo lugar) da equipa poveira no Campeonato Nacional, transferiu-se para o F.C. Porto, iniciando um novo capítulo - que seria brilhante - da sua carreira de profissional de futebol.

No Varzim e na gente da Póvoa, André deixou saudades. Ele não era da terra, tinha nascido perto, nas Caxinas, Vila do Conde, e começou por vestir, nos infantis, a camisola do Rio Ave, mas a qualidade do seu futebol, o seu espírito combativo, o seu sentido de jogo colectivo iriam provocar a viagem, curta em distância mas enorme em significado, para o Varzim. Com 17 anos de idade, era ainda júnior mas, já, com estatuto de profissional. Problemas de "verbas" provocaram uma ruptura, esteve uma época sem jogar, ingressão no Ribeirão, voltou ao Varzim e ficou. Por uns anos.

Sério, pundonoroso, de uma simplicidade convicta, amigo de conquista fácil para os que da amizade têm o melhor entendimento, André entregaria parte do coração à Póvoa e ao seu mais representativo clube. Fez-se, tanto quanto possível, poveiro. Afinal, o mar, seu cenário inicial de trabalho e ganha-pão, continuava ali ao lado.

Nascido em véspera de Natal - 24 de Dezembro de 1957 -, António dos Santos Ferreira André daria, aos 27 anos de idade, um salto qualitativo, profissionalmente falando, com outra viagem curta, que o levaria ao Porto e ao clube das Antas. Fez a sua primeira épca com a camisola azul-branca em 1984/85, sob o comando de Artur Jorge. O jogo de estria foi, log, de cariz europeu, ainda que a nível particular: integrou a equipa dos "dragões" que, no Estádio das Antas, a 8 de Agosto de 1984, em desafio de pré-temporada, defrontou e derrotou o Metz, de França, por três bolas a zero. Foi, de imediato, campeão nacional (participando em 18 jogos e marcando dois golos). Pouco mais de um ano decorrido, a 18 de Setembro de 1985, teria a sua primeira experiência oficial europeia, defrontando e vencendo o Ajx (2-0) na Taça dos Campeões. E seria bi-campeão nacional. Por junto, esteve em seis títulos nacionais e duas "Taças" de Portugal, foi campeão da Europa de clubes, ganhou a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental (título oficioso de campeão mundial de clubes).

Peça valiosa na prestigiada equipa portista, André seria chamado à Selecção Nacional: por dez vezes envergou a camisola das quinas. Em todos estes triunfos bateu o coração de um varzinista e de um poveiro adoptivo.

A carreira de André, como futebolista, terminou aos 35 anos de idade, na temporada de 1994/95. Deixando o jogo activo, não abandonou, porém o futebol: André tinha muito que ensinar e fez-se treinador.

No dia 17 de Fevereiro de 1997, o Varzim Sport Clube deslocou-se ao Estádio das Antas para defrontar o F.C. Porto, em jogo a contar para a Taça de Portugal. António André, técnico-adjunto de António Oliveira no grupo de trabalho "azul-branco", viu em campo defrontarem-se dois amores da sua vida de futebolista e, numa tarde, reviveu a sua própria história. Uma história que seria enriquecida três meses depois, ao ver o seu nome inscrito na conquista do tricampeonato pelos "dragões".

Homem do mar que, tranquilamente, regressou às raízes - que também as há nas águas -, António André tem dobradas razões para se lembrar do tempo em que vestiu a camisola poveira: nascido num 24 de Dezembro (de 1957), cada aniversário seu precede de um dia o aniversário do Varzim Sport Club, deitado ao mundo a 25 de Dezembro (de 1915). "Sou mais novo do que o Varzim quarenta e dois anos e um dia" - poderá, sempre, dizer André.

Retirado do blog Glórias do Passado

2 comentários:

Anónimo disse...

O André era um grande jogador, e um grande Varzinista.
Vamos vêr agora o seu filho...
O André André é um jogador com muita qualidade e que também pode ser um grande jogador no futuro.

ALA-ARRIBA VARZIM!!!

Anónimo disse...

Grande André, grande jogador, campeão do mundo pelo Porto.

Foi pena ele ter jogado pouco tempo no Varzim pois deu logo nas vistas indo parar ao Porto rapidamente, onde viria a ganhar tudo o que havia para ganhar.