19 de julho de 2010

O Estádio

Do areal "relvado" ao estádio de hoje - Os campos do Varzim

No princípio, não se fugia à regra dos tempos de pioneirimo em que a necessidade aguçava o engenho e tudo se fazia com os meios de brodo. Era a alegre aventura do futebol praticado com o fogo do entusiasmo da novidade em qualquer terreno baldio e sob o lema da "baliza às costas".


Depois, mais organizados e evoluídos na prática de futebol, os "furiosos" da bola mudaram de pouso para o antigo Velódremo, que, contrariando uma primeira leitura dos menos conhecedores não era um sítio para à vela mas de bicicleta e, conforme idóneo testemunho, "um recinto aconchegado e de óptimas instalações para a época, com camarotes, cabines e um terreno de jogo com os mínimos elementares". O Velódremo, apesar das várias excelências, viria a ser deitado abaixo para, no espaço disponível, se contruir o Estádio Gomes de Amorim.

Desaguizados clubistas e "insuorpotável ganância" do proprietário, que exigia 25 tostões pelo aluguer do campo, remeteram os rapazes do chuto para nova errância, que culminaria no lugar da Poça da Barca, em Vila do Conde - num descampado pertença do dr. David Alves que passaria, anos mais tarde, para a posse de Artur Aires.

É então que os jovens foote-ballers poveiros, unidos e decididos a formar, de vez, um clube a sério, avançam para a "construção" de um campo onde se pudesse pontapear a bola com mais rigor e respeito pelas regras em aprendizagem. Mangas arregaçadas, mãos à obra e lá surgiu, do que era uma lixeira municipal, entulho alastrando sobre a prais do pescado, um "quadrilátero futebolístico" riscado, em arremedo simpático, num pedaço do Largo do Cego do Maio, o nosso Passeio Alegre de hoje.

Por algum tempo serviu o campo do "Cego do Maio" de cenário às grandes jogatanas e de cadinho à paixão crescente dos poveiros pelo "seu" Varzim. Até que, mais uma vez, num 'ritornello' fatídico, a rapaziada e os seus seguidores tiveram que cambiar depoleiro, por ter decidido a refinadíssima Edilidade construir no local um campo de ténis, aristocrática intenção que terminou em couves.

Como dizem, com espantosa originalidade, os actuais comentadores deportivos da praça, não baixaram os braços e os pioneiros do futebol poveiro. E de braços ao alto receberam, como dádiva celeste, um chorudo contributo pecuniário vindo do Brasil. Dos poveiros radicados no Brasil, entenda-se, que juntaram e enviaram cinco contos - uma pipa de massa! - destinados a engrossar o bolo destinado ao aluguer de um terreno e respectiva construção de um campo de futebol. E aí tinhamos, de novo, a bola a saltar dentro das quatro linhas, outra pérola do futebolês post-moderno. Agora, nuns terrenos perto da Basílica do Coração de Jesus - onde viria a instalar-se, mais tarde, a Fábrica Quintas - que daria o nome ao novo campo. "Coração de Jesus", não "Quintas".

Nesse campo ganhou tamanho e botou figura o Varzim, defrontando o F.C. Porto, o Salgueiros, o Boavista, o Académico, o Progresso e, quando calhava, equipas galegas como o Eiriño de Pontevedra, o Racing de Tuy, o Porriño de ou o Deportivo Guardez, reforçados, segundo as más línguas da época, por cintilantes figuras do poderoso Real Club Celta de Vigo.


Diabo, dianho, chibo, mafarrico de um raio! Outro senhorio com um saco de moedas no lugar do coração irrompe com a exigência de um aumento de renda que, por exorbitantes, afundaria em falência a nau futebolística poveira - e não houve remédio senão levantar a cesta.

A série de calamitosas experiências com terrenos alugados tornou imperativa a vontade de compra de um terreno onde, sem senhorios à perna, o clube pudesse construir um campo de futebol que fosse, mesmo, a "nossa" casa.

O produto do "milagre" foi o actual Estádio do Varzim, com data de nascimento a 13 de Setembro de 1932 - o dia em que foi feita a escritura da compra. Em representação do Varzim - e ninguém o mereceria tanto -, o dr. Armindo Graça bandeirante varzinista da primeira hora, senhor de todos os segredos e comparticipante do melhor da história do clube que tinha no coração.


Objecto de sucessivas benfeitoriais, com destaque para o indispensável arrelvamento, o Estádio do Varzim continua a melhorar as suas instalações, priveligiando, alternadamente, atletas e público. E nunca deiuxou de fazer-se obra, porque houve, ao longo de décadas, quem continuamente ousasse sonhar - e teimosamente soubesse construir.

Texto retirado no ano de 2000
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1 comentário:

Duarte Cruz disse...

A 5ª pessoa que entrevistei foi o Marafona.

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