Resistir aos facínoras

-

O que se está a passar no Varzim é em tudo igual ao que ocorre nos meandros da mais suja política. Quero, desde já, dizer-vos que tal não me admira por aí além. Porque esta gestão municipal sempre fez questão de tratar o Varzim como um dossier político, onde a lógica vigente é a de que as benesses e ajudas só se concedem a quem diz 'Amén' com o líder.

Foi isso, aliás, que aconteceu no tempo em que Luís Oliveira era presidente do clube. Aí sim, o clube recebeu da edilidade os maiores montantes financeiros dos últimos tempos. E o quê que aconteceu? O passivo cresceu para níveis incomportáveis, falhámos a subida à I Liga e, com isso, vimos sair jogadores de primeira qualidade e caímos numa crise financeira sem precedentes... e ainda há bem pouco tempo andávamos a pagar do bolso dos depauperados cofres do clube as vigarices com offshores e coisas que tais que, tanto quanto se sabe, nunca mereceram da parte de José Macedo Vieira uma única crítica veemente. E porquê? Porque era indisfarçável a boa relação pessoal e político-ideológica entre Macedo Vieira e o anterior timoneiro varzinista. Esse era o tempo em que o presidente eleito pela maioria dos poveiros beijava o emblema do Varzim.

Esse era o tempo em que, para o Dr. Macedo e seus pares, o Varzim era o grande embaixador desportivo da nossa terra. Os tempos são outros, a gestão do clube mudou de mãos e as dificuldades financeiras (muitas delas herdadas desse passado branqueado) promoveu a fuga, quais ratazanas pestilentas a fugir de um naufrágio, daqueles que batiam no peito e diziam-se varzinistas desde pequeninos. Pura hipocrisia, meus amigos! Pura hipocrisia!

E a propósito das mais recentes pérolas proferidas pelo presidente da Câmara, reproduzidas no Póvoa Semanário e na edição de hoje do jornal O Jogo, apraz-me dizer o seguinte: a poucos dias de se poder vislumbrar uma esperança ao fundo do túnel (é dizer, a poucos dias de surgir uma lista candidata para assumir os destinos do clube), surge um qualquer foco de tensão ou número de circo que leva aos limites toda a crítica, que procura desviar atenções, que radicaliza posições. O presidente eleito pela maioria dos poveiros para gerir os destinos da autarquia é useiro e vezeiro neste tipo de tiradas incendiárias que revoltam o mais pacato. Depois tenta redimir-se dizendo que foi só uma maneira de chamar a atenção para a grave situação que o Varzim vive. Mas, se atendermos ao histórico recente do relacionamento entre a edilidade e a direcção do Varzim, facilmente entendemos que a mentira é o recurso mais frequente do Dr. Macedo. A começar pela questão dos apoios: desafio o Dr. Macedo a um exercício de seriedade e que diga qual tem sido a evolução/gradação dos apoios da câmara a esta direcção. De preferência que o faça em esclarecimento público, munido de todos os dados contabilísticos que o atestem. E, sobretudo, gostava de entender esse aumento de apoios financeiros ao Varzim quando comparados com os balúrdios gastos em futsal e ciclismo (o amiguismo e o compadrio que se revelam). E isso não é uma perda de tempo. É um exercício de verdade! Não pode um mentiroso ficar impunemente a dizer todas as inverdades que lhe apetece pela boca fora sem que se lhe faça cair a máscara. Em segundo lugar, e no que diz respeito aos patrocínios das câmaras nas camisolas, o argumento do presidente da Câmara é patético e a ironia que lhe está associada é ainda mais anedótica. O Dr. Macedo é daqueles pessoas que, por si só, já irrita ouvir. Talvez seja do timbre da voz. E mais irritante se torna quando usa a ironia e procura ser engraçadinho sem ter uma ponta de piada. Rigorosamente sem comentários! E finalmente, cereja no topo do bolo (ou a mosca que faltava em cima da m....), diz o presidente eleito pela maioria dos poveiros: "Ai de nós se as elites não se atravessarem pelo futuro do Varzim". E logo, a solução final: à falta de pessoas interessadas, reúnam-se os sócios e fechem o clube. É este o apelo que faz um auto-intitulado VARZINISTA dos sete costados, ex-atleta, ex-médico do clube. Para mim essas declarações são uma farsa, uma troça que o Dr. Macedo faz aos olhos de todos aqueles que verdadeiramente amam o nosso clube. São palavras que revelam o mais íntimo e profundo desejo de ver o Varzim desaparecer. Provavelmente para ir lá recolher alguns dividendos nos terrenos onde actualmente se situa o estádio. O Varzim fechar portas? Seria uma tragédia que só ocorreria por cima do cadáver de muita gente... isso era o que o Dr. Macedo queria. Mas não vai acontecer. Até 9 de Outubro - essa é a minha esperança - surgirá alguém que assuma as responsabilidades que as elites (de que o Sr. Macedo Vieira faz parte) não quiseram assumir. Surgirá alguém que tenha, no mínimo, a esperança de que o futuro do nosso clube pode ser melhor.

Lopes de Castro prometeu que, quando já não fosse presidente, revelaria toda a verdade sobre quem lhe terá oferecido dinheiro para abortar a construção do novo estádio. Eu não tenho dúvidas de quem foi. E creio que estaremos prestes a saber a verdade. Felizmente, muita máscara vai cair!

Por último, e creio que aqui estamos todos de acordo, o alheamento da Póvoa em relação ao Varzim é evidente. E o exemplo vem de cima. Muita pena tenho eu que o maior embaixador desportivo da nossa terra diga tão pouco aos nascidos na Póvoa. Registo com um misto de agrado e frustração que há gente de Famalicão, Braga, Santo Tirso e Guimarães (os chamados poveiros de adopção) que têm mais carinho e apreço e fazem mais pelo Varzim do que os chamados poveiros de gema.

Seja também este um alerta para todos nós. O Varzim é nosso e é da Póvoa inteira.

Só falta mesmo que todos os poveiros digam mais vezes 'PRESENTE'. Mas também aqui não tenho dúvidas: quando as nuvens negras da crise se dissiparem, os mesmos ratos que abandonaram o clube à sua sorte regressarão batendo no peito a reafirmar o seu varzinismo de longa data.

FACÍNORAS!! É contra eles que nos devemos insurgir!