15 de agosto de 2012

Lopes de Castro: «Rio Ave não tem a força do Varzim»

O líder demissionário do Varzim explicou a Record as razões da crise que levou o clube a não conseguir inscrever-se na 2.ª Liga apesar de ter sido campeão da 2.ª Divisão. A má relação com a autarquia tem sido penalizadora, mas Lopes de Castro frisa que o emblema poveiro apenas tem um problema de tesouraria, dado que o seu património vale 25 milhões de euros. A construção do novo estádio é a tábua de salvação, mas apenas se surgir um novo presidente capaz de promover o entendimento com o edil Macedo Vieira. Essa relação conflituosa com o poder municipal, a seu ver, faz toda a diferença em relação ao vizinho e rival Rio Ave.

R – Como explica que a tão poucos quilómetros de um Varzim em grave crise exista um clube estabilizado na 1.ª Liga como é o Rio Ave?
LOPES DE CASTRO – Vila do Conde é um concelho diferente da Póvoa. Mais industrial. Diria até completamente diferente, dado que a Póvoa é uma área de serviços: hotelaria, restauração... e mesmo a indústria que existia nunca deu apoio ao Varzim. Fomos sempre um clube mais terra a terra, dos sócios. Durante 20 anos, a Câmara deu apoio que foi gasto na formação, participando em intervenções pontuais na relva ou no estádio. Agora temos uma relação tensa, mas a autarquia ajudou no passado. Qual é a diferença em relação a Vila do Conde? Uma edilidade ajuda pontualmente, a outra ajuda 24 horas por dia. Uma manda no clube dado ninguém ter dúvidas de que o presidente do Rio_Ave é o presidente da Câmara . A tal ponto de, durante esta crise devido ao Júlio Alves, o presidente da Câmara e também da Assembleia Geral do Rio Ave disse ao presidente da direção que não pagava um euro ao Varzim. Que se este quisesse, que pagasse do bolso dele. Quem pode, pode. Tiro-lhe o chapéu. Tenho pena porque pensei que fosse um interlocutor que pudesse esclarecer as coisas, sentando os dois presidentes dos clubes.

 R—Preferia que o seu edil, Macedo Vieira, assumisse uma postura similar à de Mário de Almeida?
 LC – Mário de Almeida defende de maneira fundamentalista o Rio Ave e, quanto pior estiver o Varzim, melhor para o seu clube. Não concordo nada com isso. Para azar dele, o Varzim está mal, mas tem mais sócios, mais pessoas no estádio, mais vida, mais imagem. O Varzim só não tem dinheiro, mas tem tudo a mais do que o Rio_Ave. Tudo! Isso está-lhe atravessado. Sei que ele vai dizendo que gostava de ter esta força do Varzim, mas não tem. Não consegue. Não vale a pena. O que podemos fazer em relação a isto? Colocar ordem na casa, devagarinho, e tentar ir à 1.ª Liga. Não quero mal nenhum ao Rio_Ave. Não vivo as coisas da mesma forma que eng. Mário de Almeida. Sejam felizes. Se for possível em breve surgir uma Câmara mais próxima, não no desembolso de muito dinheiro para o Varzim, mas sim transmitindo às pessoas uma imagem de relacionamento saudável para que essas mesma pessoas, e empresas, nos ajudem, isso seria importante. Agora, a qualquer porta que batemos, ouvimos dizer que se nem a Câmara ajuda, não têm nada que nos apoiar…

R – É verdade que o presidente do Rio Ave, António Silva Campos, auxiliou pessoalmente o Varzim?
LC – A história veio a lume na Assembleia Geral do Rio Ave. É simples: o Varzim pediu 70 mil euros pela formação do Júlio Alves, independentemente de exigirmos 260 mil euros do acordo que entendemos ter sido celebrado entre os clubes. Claro que se essa verba maior nos for atribuída, só queremos receber a diferença. O Rio_Ave disse que só pagava 50 mil euros, apesar de na sua AG terem dito de forma desagradável que até pagavam 60 mil euros. Perante isto, o António Silva Campos, empresário da construção civil, e de uma excelente empresa à qual adjudiquei uma obra de um milhão de euros recentemente dentro da qualidade de dirigente associativo de outra instituição, foi ao bolso dele, dado que o cheque era de uma empresa, e fez chegar ao Varzim 25 mil euros. A mim é indiferente de onde vem o dinheiro. Ele quis, por um lado, dar uma satisfação ao presidente da Câmara dele, por outro lado, dar uma satisfação ao presidente da Câmara da Póvoa, dado que também trabalha cá. Agora vamos ver o que a justiça diz do resto. Jornal Record

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