22 de fevereiro de 2013

“Trabalhar nas camadas jovens do Varzim é muito aliciante”

António Cacheira (Foto: Egas Amaral)
 António Cacheira é uma das maiores referências da formação do Varzim, levando quase duas décadas a orientar inúmeras gerações “craques” do emblema poveiro.
 Depois de uma carreira como futebolista ao mais alto nível, o agora técnico dos escalões de benjamins e infantis do Varzim, tem passado toda a sua experiência aos mais novos, numa missão que o tem realizado e sido uma mais-valia para o clube.

Entrevista ao Jornal Mais Semanário

 Há quanto anos se dedica à formação do Varzim?
 Há cerca de 20 anos, já treinei todos os escalões, mas agora estou a destacado para os infantis e para as escolinhas.

 Ao longo de todo este tempo como tem visto a evolução da formação dada nas camadas jovens do Varzim?
 Sou um pouco suspeito falar, mas o que temos conseguido está a vista de toda gente. Com as dificuldades do clube e as condições que temos ao dispor, acho que a formação que se dá é de grande nível, e prova disso são os jogadores que passaram pelas camadas jovens do Varzim estão agora em clubes de muito prestígio nos melhores campeonatos da Europa. Estou certo que outros vão seguir-lhes os passos.

 Apesar dessas dificuldades os resultados desportivos têm surgido…
 Sim, as nossas equipas que estão a disputar os campeonatos nacionais têm dado boa conta de si. A nível distrital as formações do Varzim ombreiam com todos os adversários, e andam nos primeiros lugares. Somos um clube respeitado e temido. Além disso, preocupamo-nos em incutir uma mentalidade ganhadora nos jogadores, além do trabalho pedagógico que fazemos com eles, que contribui para o seu crescimento como homens.

 E como se consegue reunir um grupo de treinadores para orientar e formar estes jovens, quando as condições nem sempre são as melhores?
 Somos cerca de 18 treinadores e, acima de tudo, estamos falar de pessoas dedicadas, que gostam muito do clube, e gostam desta área da formação. Não tem sido difícil juntar um grupo de treinadores que queira continuar a trabalhar na formação do Varzim. Os próprios diretores e colaboradores são também grandes varzinistas e tudo isto faz com que as coisas funcionem.

 Antevê que alguns entraves para que essa dedicação possa ser beliscada?
 Todos sabemos a situação que clube atravessa, e, inclusive, o nosso vizinho Rio Ave tem se aproveitado de algumas fragilidades nossas. Sentimos que quando os pais decidem onde vão colocar os filhos a jogar, a situação do Varzim tem algum peso nessa decisão… Felizmente, o Varzim ainda continua a captar jovens de muito talento, mas temo que se as coisas não melhorarem possa haver uma maior desistência dos nossos jogadores, para irem jogar para o Rio Ave.

 Considera que a formação do Varzim pode ser uma espécie de “tábua de salvação” do clube no que toca a futuras receitas?
 Sim, já há muito tempo penso assim. Clubes como o Varzim senão apostarem na sua formação terão mais dificuldades no futuro. Temos feito um bom trabalho, mas, ainda assim, acho que se deixou escapar muitos talentos. Tenho receio que as coisas, de um dia para outro, mudem, embora para já ainda não se sinta isso. 

 O elo de ligação entre a formação e o plantel sénior está a ser bem aproveitado?
 Era bonito que um dia a equipa sénior fosse apenas constituída por jogadores formados nas nossas camadas jovens, mas é algo difícil de acontecer, porque este miúdos, assim que sobressaem, são logo descobertos e “seduzidos” para os grandes clubes como FC Porto, Benfica e Sporting e já não os conseguimos segurar até à idade sénior.

  Este ano, pela primeira vez, uma das equipas de Benjamins do Varzim, orientada por si, defrontou outra equipa do Varzim em competição. Como sentiu esse jogo?
 Foi estranho, nunca me tinha acontecido tal coisa. Nem me senti bem em chamar atenção da minha equipa, porque senti que em algumas coisas também o tinha de fazer ao adversário. Optei por me sentar no banco e não dizer nada, e deixar que eles se divertissem e jogassem como se fosse entre amigos.

 Sente-se com vontade de ainda continuar a desempenhar estas funções?
 Enquanto me quiserem e acharem que sou útil vou continuar. Estou a desempenhar as funções em que acho ter as melhores capacidades, e, para mim, trabalhar com crianças é muito aliciante. Não há rotinas, há sempre coisas novas, e é sempre uma prazer vê-los crescer como jogadores e “homenzinhos”. Enquanto me quiserem e eu achar que posso ser contribuir para o bem do Varzim continuarei.

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