18 de abril de 2013

José Augusto faz balanço positivo da sua prestação no Varzim

José Augusto
 Quando faltam apenas duas jornadas para o final do campeonato, e com a equipa estabilizada a meio da tabela classificativa, sem hipótese de subir de divisão, José Augusto, treinador que assumiu o comando dos “alvi-negros” em dezembro do ano passado, faz um balanço positivo da sua prestação, mesmo lembrando as condicionantes que teve pela frente.
 O técnico orgulha-se de ter apostado em jogadores da formação que acredita serão o futuro do Varzim, num projeto onde ainda não sabe se fará parte na próxima temporada.

 A duas jornadas do final do campeonato está satisfeito com o trabalho que desenvolveu no Varzim?
 Sim. Vim na perspetiva do clube se organizar, de fazer uma redução grande no orçamento, o que implicou a perda de alguns jogadores, nomeadamente do Nélsinho, que era muito influente na equipa. Mas tentamos reorganizar o grupo, fazer com que alguns jovens da formação pudessem jogar, e, a nível de resultados, dignificar o clube. Na segunda volta não perdemos nenhum jogo fora, mesmo visitando os três primeiros, mas em casa temos revelado algumas dificuldades, que são consequência da estrutura do plantel. Não temos jogadores com determinadas características, nomeadamente um avançado de área que possa fazer a diferença. Além disso, jogamos, normalmente, com 5 ou 6 atletas formados no Varzim, que nos jogos em casa acusam um pouco a pressão, até porque os nossos adeptos ainda não perceberam as características deste grupo. Estes jogadores precisam de apoio e carinho para se sentirem mais confiantes e renderem mais.

 Mas não tinham a ideia de quanto exigente era treinar o Varzim, principalmente pela cobrança dos adeptos? 
 Sempre soube as exigências de treinar um clube como este, até porque a minha família é quase toda da Póvoa e porque fui aqui jogador e sempre acompanhei a carreira do Varzim. Estava perfeitamente identificado com o clube. Sabia o que a direção pretendia quando me contratou, num processo de reorganização financeira. Mesmo abdicando de alguns jogadores de qualidade, fomos a única equipa que no mercado de inverno não se reforçou, embora tivéssemos evidentes lacunas no plantel. Nesta fase, é mais importante para o Varzim programar e projetar a próxima época com calma, vendo quais os jogadores das camadas jovens que têm condições para fazer parte do plantel, e reforçar o grupo com alguns elementos experientes para que o clube passe a lutar pela subida de divisão. Sempre soube as dificuldades existentes, e penso que trabalho feito vai de encontro a formarmos uma equipa mais forte para a próxima época.

 Chegou a desanimar com série de 9 jogos sem ganhar, logo quando assumiu a equipa?
 Este é um plantel muito jovem, e com um ambiente de resultados menos positivos é normal que houvesse dificuldade para superar essa fase. Precisávamos de mais apoio da massa associativa, e isso condicionou um pouco. Depois de conseguirmos a vitória a equipa libertou-se e surgiu mais desinibida. Lembro que a média de idades no Varzim ronda os 20 anos, e nas equipas que estão a lutar pela subida de divisão é de 25 anos. Isso tem influência na prestação desportiva. Temos de sofrer um pouco, saber que temos um caminho a percorrer e, sobretudo, não desanimar.

 “Os jovens da formação são o futuro do clube”

 Sente que nos jovens que está a lançar, há matéria-prima para serem jogadores que se vão afirmar no clube?
 O Varzim tem uma excelente formação, jovens poveiros que são bons jogadores, com raça e vontade. Claro que têm de ser bem treinados para potenciar as suas capacidades, crescendo num âmbito favorável, e lançados com ponderação. Temos alguns jogadores de boa qualidade que têm excelente margem de progressão, que podem ser o futuro do Varzim. Mas, claro, não podemos lançar 5 ou 6 atletas do primeiro ano de sénior na equipa, pois precisam de ser integrados com outros jogadores mais experientes. É fundamental haver um misto de experiência e juventude. Os jovens talentos temos cá, agora precisamos de reforçar o grupo com alguns elementos com mais maturidade, até porque sabemos alguns elementos que cá temos vão sair a procurar melhores condições para as suas carreiras. Teremos de fazer a nossa prospeção, nomeadamente em divisões inferiores. Para isso, temos feito muitas observações.

 Com as condições financeiras do clube, é possível fazer esse melhoramento do plantel?
 O clube tem o seu caminho a percorrer antes de se equilibrar, mas, mesmo com essas condicionantes, tenho a convicção que o Varzim pode fazer uma equipa forte que possa subir de divisão. Estou habituado a isso na minha carreira. Claro que também tenho indicações que alguns jovens do clube vão seguir o seu caminho, mas temos de nos adaptar a isso…

 São públicas as dificuldades financeiras do clube, e algumas situações de salários em atraso. Isso condicionou o seu trabalho?
 É sempre melhor quando um clube já está estabilizado. Mas pelas conversas que tenho com a direção sei que há empenho para que se crie um orçamento para ser cumprido, de forma a que o nosso trabalho possa ter ainda mais exigência. Sabemos que com bons resultados e vitórias podemos, também, ajudar o trabalho que direção está a fazer.

 “Na nova configuração do campeonato há menos margem de erro”

 O que lhe parece da nova configuração dos campeonatos não profissionais, que serão alargados a oito séries com 10 equipas. Vai ser mais difícil para o Varzim subir?
 Vamos ver como vai funcionar. Sei que será dividido por regiões, e pode acontecer séries com equipas com muitas aspirações e outras séries com equipas que não têm condições para subir. Será uma situação ingrata, mas o Varzim terá de se adaptar a um campeonato em que, com apenas 10 equipas em cada série, a margem de erro é menor, sendo fundamental entrar bem e procurar andar logo na frente.

 O Varzim tem condições para, neste novo formato de prova, se assumir como candidato à subida?
 Entendo que o Varzim, mesmo com os problemas financeiros que tem, terá de assumir-se como um candidato à subida e jogar sempre para ganhar.

 E nessa estratégia para a próxima época o José Augusto fará parte do projeto, como treinador?
 Vamos ver. Tem havido conversações com a direção, mas também tenho os meus objetivos, e só quero ficar num projeto ambicioso com olhos postos na subida. Nesse sentido, deixei bases para o clube melhorar no futuro, lançando jovens que nos ajudem a atingir essa meta. Seja eu, ou outro treinador, estou de consciência tranquila pelo trabalho que desenvolvemos esta época.

 Que mensagem gostaria de deixar aos sócios, sobretudo a pensar na próxima época...
 Os sócios do Varzim são exigentes, até porque acompanham muito a equipa, mas devem perceber os sacrifícios que o clube está a fazer para se reequilibrar. Depois de se estabilizar, o clube tem muito potencial. Estamos a tentar fazer uma equipa ganhadora, que precisa do total apoio dos adeptos. Deve haver uma enorme união entre os associados e a equipa, deixando para trás confusões do passado.

José Pedro Gomes




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