Olhando para o desfecho do processo eleitoral no Varzim, ocorrem-me algumas notas que convém que fiquem registadas.
Atenção: são as minhas notas. Admito que haja outros pontos de vista a aditar e até aceito debatê-los, mas dispenso bem a pobreza de espírito que já li em alguns comentários que a administração deste blogue, OBVIAMENTE, não irá publicar.
1. Não há soluções perfeitas e qualquer direcção que saísse destas eleições teria (e terá) imensas dificuldades para prosseguir a gestão do clube;
2. Ressaltam, no entanto, dados positivos:
2.1. depois do "jogo do empurra", dos candidatos que o eram e deixaram de o ser, e que obrigaram Lopes de Castro a prolongar o mandato por tempo indeterminado, o clube volta a ter uma direcção para três anos com plenos poderes para governar;
2.2. os que diziam que esta direcção estava ilegítima e ilegalmente em funções, à luz dos estatutos do Varzim, podem bem "meter a viola no saco", porque a decisão dos sócios (goste-se ou não) é soberana. Seja por 300, 400, 500, 10, 20 ou 1 voto;
3. Sob essa lógica, que resulta dos mais elementares princípios democráticos, os sócios escolheram Lopes de Castro e rejeitaram Pedro Faria. Puro e duro. Sem subterfúgios! Insultar o presidente eleito (e a maioria que o escolheu), ameaçar partir ou entregar os cartões de sócio na sede do clube, ameaçar deixar de ir ao futebol nos próximos três anos, são atitudes eivadas de facciosismo de quem não é varzinista, nem interessa ao clube.
EVIDENTEMENTE, o mesmo princípio se aplicaria se fosse a lista B a vencedora.
Não há lista A nem lista B. Há um clube que amamos: VARZIM SPORT CLUBE!
O mínimo que podemos E DEVEMOS exigir é que o clube seja governado com muito mais competência e muito menos sobressaltos do que até aqui;
4. No entanto, defendo (como defendi sempre) que qualquer, que fosse a lista perdedora, teria no seu elenco elementos válidos para ajudarem o projecto vencedor, qualquer que ele fosse;
5. Em observância a esse princípio, sugiro ao elenco directivo reeleito que considere a possibilidade de incorporar no seu grupo de trabalho o único elemento da lista B que, estou certo, poria o seu varzinismo acima de outros interesses: João Alexandre Vila Cova. Há que pôr pés no chão e ao caminho, dialogar, clarificar mal-entendidos, esquecer o passado infeliz e unir a família em torno do objectivo de levantar o Varzim neste momento difícil. Situações excepcionais requerem soluções excepcionais, orgulho a menos e dedicação a mais;
6. Parece-me que temos um bom princípio: Lopes de Castro já disse que conta com os elementos da lista derrotada e Pedro Faria prometeu ajudar o clube "no que for possível". Esperamos para ver até que ponto irá a declaração de boas intenções do candidato derrotado;
7. A diferença de 20 votos é uma prova de confiança na actual direcção. Mas é uma escolha caucionada. A diferença é muito curta: de 442 para 422. Lopes de Castro tem de entender bem este sinal: faltava sustentação e nomes credíveis à lista adversária mas, mesmo assim, ela conseguiu averbar votos suficientes para equilibrar a contenda eleitoral. Erros cometem-se. Esta direcção também os cometeu. O futuro exige muito mais competência;
8. O resultado de Pedro Faria acaba por não ser um mau resultado, e até lhe dá alguma reserva moral para pensar numa recandidatura daqui a três anos;
9. No entanto, Pedro Faria deu tiros certeiros no pé de que destaco o seguinte: para já não falar na súbita aparição de Bruno Alves, apresentar Fábio Coentrão como apoiante. O mesmo que, há umas épocas atrás, fez tristes ceninhas ao festejar os golos do Rio Ave na Póvoa. O mesmo (agora galáctico de Madrid) que, terminado o empréstimo do Benfica ao Saragoça de Espanha (recordo que, na altura, ele regressou ao Rio Ave), respondeu que "um retrocesso na carreira seria ir jogar para o Varzim". Estava o Sr. Pedro Faria à espera de quê? Por mais que digam que o Fábio não é o mesmo que estava no Rio Ave, os varzinistas têm memória. E a memória é um bem precioso. A amnésia conveniente fica mal. Mas isso pratica-se noutras paragens onde não faria mal uma boa nortada para levantar o nevoeiro;
10. Admito que, com mais dois ou três nomes de peso (leia-se CREDÍVEIS) na lista B, Lopes de Castro correria o risco sério de não ser reeleito;
11. O período eleitoral já passou: o presidente eleito é o presidente de TODOS os VARZINISTAS. Merece o nosso respeito e tem por obrigação prestar contas da sua gestão de forma transparente. Tem de ouvir os sócios não apenas nas Assembleias Gerais. Há que criar pontes de diálogo que permitam pensar a melhor forma de dar a volta a este momento difícil que atravessamos. Pontes de diálogo e não críticas gratuitas que, para além de carecerem de verdade, revelam-se inúteis e retiram influência a quem as profere.
12. Por último: TRABALHAR, TRABALHAR, TRABALHAR! A partir desta segunda-feira, o Varzim inicia a trajectória que, assim nós sejamos competentes (e Deus o queira), irá provar que esta despromoção à II Divisão Nacional foi, apenas, um incidente de percurso.